Este espaço
é de todos.

Vocês não tem histórias de quando eram pequenos? Não vos aconteceram coisas daquelas que fazem rir o gajo mais macambúzio?
E então as histórias daqueles que viveram no alentejo?

Sigam o exemplo do Tonica e partilhem com toda a Família esses momentos.
Este é o local ideal para isso, onde serão publicadas as crónicas bem como o todo o tipo de graças e fotos que os elementos da Família queiram enviar.

Esta página também promete, mas terá que ter a imaginação desse pessoal a trabalhar, embora às vezes nem seja necessário muito, é só porem a memória a funcionar.

NOTA DO WEBMASTER
A última crónica a ser colocada na página estará sempre no topo. Portanto se quiserem
vê-las por ordem, deverão começar por baixo.

 
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AS CRÓNICAS

MANIFESTO ELEITORA - Rogério CorreiaL

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA VI - Tia Maria Júlia

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA V - Tia Maria Júlia

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA IV - Tia Maria Júlia

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA III - Tia Maria Júlia

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA II - Tia Maria Júlia

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA I - Tia Maria Júlia

MAIS UMA PEQUENA HISTÓRIA - Rogério

É TÃO BOM SER PEQUENINO - José Carlos

SONETO A TONICA - Rogério

ODE À CECÍLIA - Rogério

MAIS UMA HISTÓRIA COM H - Rogério

CASA REAL CORREIA - Rogério

A HISTÓRIA DO MENINO ESQUECIDO - José Carlos

 

 

 

Cron

 

MANIFESTO ELEITORAL
Rogério Correia – 12 de Outubro de 2010

   
 

Após comunicação do webmaster sobre a actualização do nosso site, com a inclusão de novos familiares e almoço de 2010, o Rogério escreveu:

Bom dia a todos,

Mais um sucesso e motivo de orgulho para todos.

Próximo passo: Constituição do Partido Os Correias • Apresentar um pedido de Independência • Constituir Governo

Presidente - Avó Cecília (quem se portar mal leva com a vassoura)
Primeira Ministra - Maria João (remeto-vos para aquela foto tirada no almoço do ano passado, junto à piscina com bengala e o braço ao peito, num gesto rápido e inesperado, com o dedo médio estendido e todos os outros encolhidos, a Maria João resumiu toda a postura e programa político d'Os Correias em relação ao Governo deste país... onde anda essa foto??)
Ministro da Economia - Ivo (com este Tio Patinhas não havia cá abonos para ninguém)
Ministro da Cultura - Ilídio (Comédias com fartura)
Ministro da Educação e Trafulhices nos Negócios - Miguel (é preciso explicar??)
Ministra dos Negócios Estrangeiros - Chrystelle (Está no estrangeiro e faz negócios... lógico)
Ministros da Moda, Fruta, Queijos e Vinho - Nathalie & Erico (a abrir brevemente)
Ministro dos Transportes e Drifting - Ricardo (355 allez, 355 allez)
Ministra da Saúde - Telma (para mim injecções, só no rabiosque)
Secretário de Estado do Jogging - Pedro (podes correr mas não foges do Sócrates)
Secretária de Estado da Liga Anti Coloração Capilar - Ana Isabel (grisalhos é que é)
Secretárias de Estado da Liga de Alteração Libertina Consciente Ou Ortostatismo Liquido (vulgo A.L.C.O.O.L.) - Cláudia e Isabel
Embaixador em França - Didier, O Chouriço (Representação ao mais alto nível)
Secretário de Estado da Tauromaquia e Danças de Salão - Guilherme

Os! Co! rreias! Os! Co! rreias! P! O! C! P! O! C!

RC

Comentário do Webmaster: Vejo que a ideia do Paulo da Criação do Partido Os Correias, está a conquistar adeptos, e agradeço a tua primeira lista com o Governo Sombra.
Em relação à foto da maria João (que poderia ser a imagem da campanha), podes vê-la em AS FOTOS/DANADOS PARA A BRINCADEIRA, que é para onde vão essas fotos mais sérias... Mas para não haver dúvidas, aqui vai ela.

MariaJoao

   

 

A História da minha vida
– Capítulo VI –
Maria Júlia Custódia – Janeiro de 2009

   
 


Final da história

Como já lhes disse fui leccionar para os Gasparões, Não tinha prática nenhuma, fui trabalhar com uma colega, que me ajudou bastante, principalmente na parte burocrática. Tínhamos à volta de 45 alunos cada uma de nós, as classes eram mistas, portanto tínhamos ambas as quatro classes.

A casa onde dávamos aulas era pequena, alguns alunos traziam cadeiras de casa e escreviam no colo, quase em cima uns dos outros.

Nós trabalhávamos uma parte do dia na escola e na outra parte do dia levávamos os alunos para as casas onde estávamos hospedadas para lhes dar aulas suplementares, porque nessa época eles iam à escola para aprender a ler e escrever sem erros, por isso tanto alunos como professores tinham que trabalhar.

Nesse ano foi custoso dar aulas, mas tive muitas compensações, os alunos eram muito meus amigos (ainda hoje convivo com alguns dos primeiros alunos que leccionei).

Quando comecei a dar aulas ganhava 497$50, mas já me considerava uma mulher rica, porque além do que ganhava, as pessoas davam-me muitas coisas de comida e não só.

Como andava agregada cada ano ficava numa escola, nos dois anos a seguir fiquei nos Bicos, aí não gostei de estar a leccionar.
Casei no final do último ano em que trabalhei aí nos Bicos, no dia 15/ 07 /57.

Depois fui para os Lameiros, freg. de S. Luís, concelho de Odemira, aí fui muito estimada e muito convidada com todas as novidades da época, assim como na Brunheira, freg. de S. Barnabé, concelho de Almodôvar, aí então superou todos os outros lugares onde estive, tudo de bom me fizeram e ainda actualmente o fazem, tenho no Algarve à minha disposição três casas de pessoas desse lugar.

Voltei ao concelho de Odemira, freg. de S. Luís, para o lugar de Vale Taipas, aí não gostei de estar, e só fiz uma amizade que ainda hoje perdura.

Finalmente efectivei-me na Ribeira da Azenha, onde estive 5 anos fui muito bem recebida e conservo daí várias amizades.

Por motivos de interesse pessoal ainda mudei a meu pedido, para o Paiol freguesia e concelho de Sines, foi o lugar que menos gostei das pessoas e que nunca mais lá voltei.

A 12/ 09/ 66 nasceu a minha filha e por esse motivo pedi exoneração do cargo. Infelizmente ela morreu a 18/08/67 e eu já não retornei a dar aulas no Estado porque as leis tinham mudado.
Então vim para a Cova da Piedade para casa da minha saudosa mana Luísa e em 23/05/68 nasceu o meu filho, e eu então comecei a dar aulas em casa e mais tarde em colégios particulares, fínalizando a minha carreira no ano de 1994.

Resumindo leccionei 40 anos, mas por caminhos um pouco tortuosos que não consegui beneficiar na minha velhice do tempo que trabalhei.

Quis dar-lhes conhecimento da vida difícil que se vivia, para vocês (esses que lerem isto) poderem compará-la com a vossa.

Peço desculpa pela minha tagarelice, mas pelo menos a mim fez-me bem relembrar o que vivi.

A vossa velha tia sempre amiga envia beijinhos á família Correia

MARIA JÚLIA

   


 

A História da minha vida
– Capítulo V –
Maria Júlia Custódia – Janeiro de 2009

   
 


Outra dificuldade a superar

Os meus pais viviam num lugar ( Foros do Sobralinho ) em que a escola mais perto distava aí 1,5 h de caminho, a pé, que era o transporte que eu tinha; portanto era muito difícil eu poder frequentar essa escola.

Mas como a força de vontade era muita, comecei a meditar como poderia fazer. E mais uma vez o destino (no qual acredito) me ajudou.

O meu irmão vivia nessa época, no Monte de Jampaias (O qual já tem sido mencionado nas crónicas do Tonica) que era perto dos Bicos, lugarejo onde ficava a tal escola que eu já mencionei.

Ele já tinha nesse tempo, três filhos e vivia com muitas dificuldades, e a casa se bem me lembro só tinha duas divisões, mas mesmo assim eu tomei a ousadia de lhe escrever a pedir se podia ficar na casa deles, e se ele fazia o favor de falar com uma das professoras que leccionavam nessa escola, para ela me dar aulas para o tal exame.

Ele e a minha boa cunhada que eu sempre tenho estimado e continuo a estimar (Um dia vou falar somente dela) responderam-me a dizer que a professora dava-me aulas e que eu podia ficar em casa deles, (Como vêem ele ajudou-me mais que o meu pai) e assim quando saí do Cacém já tinha tudo planeado.

O meu pai ralhou comigo, por eu ter tomado aquela decisão, e como sempre a ajuda que me deu foi 20$00 e mais nada.

E foi assim que eu estive na casa do meu irmão, para estudar, desde meados de Março até meados de Junho de 1954, até os exames se realizarem. Eu fui para Beja a 13 de Junho e fiz a prova escrita a 15 do mesmo mês, e esperei 8 dias para saber os resultados e finalmente passei à prova oral, a qual realizei no dia 23 / 06 / 54 e fiquei apta para poder leccionar.

Escusado será dizer-lhes o que sofri nesses dias de espera, e a alegria que senti quando soube que fiquei aprovada. Basta somente dizer-lhes que o dinheiro que tinha trazido do Cacém já o tinha gasto, porque era pouco e eu tinha que pagar à professora e também comprava algumas coisas para ajudar no que comia, em casa do meu irmão. E assim as viagens para Beja já foram com dinheiro emprestado.

Durante essas férias ainda fui trabalhar algum tempo, para ganhar uns cobres.
E assim em 12 de Novembro desse mesmo ano comecei o meu 1º dia de aulas, num lugar que se chama Gasparões, freguesia e concelho de Ferreira do Alentejo.

Queridos amigos desde já lhes comunico que este é o penúltimo capítulo da história que lhes quero contar, por isso o próximo será maior.

Beijinhos a todos os que lêem e aos que não perdem tempo com isso.

Até breve

MARIA JÚLIA

   

 

A História da minha vida
– Capítulo IV –
Maria Júlia Custódia – Outubro de 2008

   
 


Uma mulher badalhoca

Como já vos disse no capítulo anterior que tinha arranjado uma grande amiga, ela era já casada, e trabalhava na casa duns senhores amigos dos meus patrões, eu não tinha dias de folga, por isso não saía, mas como por semana estava sozinha, ia muitas vezes a casa dessa minha amiga, (Maria dos Anjos) que para mim foi mesmo um anjo.

Um belo dia, talvez aí em Setembro (não me recordo bem quando foi) eu fui a casa da Maria dos Anjos, e porque o destino quis que assim fosse, estava lá uma amiga dela que eu já conhecia havia muito tempo, essa mulher chamava-se Irene, mas era muito, mas mesmo muito badalhoca, andava sempre despenteada, muito suja, tanto o vestuário como o corpo, tinha sempre sujidade atrás das orelhas, e não só. Apesar de ser badalhoca era muito simpática,era casada e tinha um filho.

Nesse dia ela ía pedir uma caneta à Maria dos Anjos. (Nesse tempo pedia-se uma caneta emprestada, não havia dinheiro para comprar canetas).
– Para que queres tu uma caneta? perguntou-lhe a amiga.
E ela então explicou que era para ir à escola, estudar para ir fazer o exame de Regente Escolar, para ir dar aulas, porque havia muita falta de professores.
(E a razão da falta de professores era porque o Estado tinha mandado construir escolas por todo o País, e por isso abriu um curso que quem tivesse a 4ª classe podia ir fazer esse exame e se ficasse aprovado ia dar aulas.)

Eu desconhecia que havia esse curso, mas momentaneamente raciocinei, então eu tenho a 4ª classe e não sou badalhoca como ela, se ela pode ser professora , porque não poderei eu?
E em voz alta disse: Irene, se você for dar aulas, eu também vou tentar a minha sorte.

Passaram uns meses, estávamos em Janeiro de 1954, indo eu novamente a casa da M. dos Anjos, ela disse-me:
– Sabes, a Irene já fez exame e já está a dar aulas em Paço D'Arcos.
E eu disse-lhe:
– Hoje mesmo vou despedir-me e vou fazer esse exame, e assim fiz.
Nesse dia falei com a patroa e expliquei-lhe a minha situação.
Ela era uma boa pessoa e achou muito bem que eu tentasse melhorar a minha vida e asssim no dia 7 /03 / 1954, saí do Cacém para um novo capítulo da minha vida, que brevemente lhes contarei.

Ainda hoje agradeço àquela mulher badalhoca por ela ter contribuído para eu modificar a minha vida, porque se ela fosse uma pessoa que eu julgasse muito superior a mim eu não me teria aventurado a tal missão.

Adeus a todos até breve

MARIA JÚLIA

   

 

A História da minha vida
– Capítulo III –
Maria Júlia Custódia – Outubro de 2008

   
 


Nova vida

Como mais nada podia fazer, resolvi ser criada de servir ( hoje chama-se empregada doméstica ).

Então uma prima minha, arranjou-me uma casa para eu ir, no Cacém, era só um casal e eram analistas, trabalhavam ambos em Lisboa. Ela além de ser analista também era parteira, viviam numa vivenda na rua Elias Garcia no Cacém.

E assim no dia 20/11/1951 lá venho eu com essa minha prima para o meu novo paradeiro, viemos embarcar na camioneta no Cercal do Alentejo.
(E por incrível que pareça, foi nesse dia que eu com 20 anos já feitos vi pela primeira vez uma camioneta da carreira, imaginem vocês o atraso de vida nesse tempo).

Chegámos ao Cacém já de noite, os senhores estavam a jantar, a comer qualquer coisa que eu não consegui descobrir o que era, quando fiquei a sós com a minha prima é que ela me disse que era sopa de feijão verde.

Imaginem vocês, tanto feijão verde que eu cavei ,reguei apanhei e comi e não sabia que dele se podia fazer sopa, e ainda mais grave era que eu também não sabia que se chamava feijão verde, porque nós alentejanos chamávamos-lhe “bajas”.

Então ali fiquei mas as dificuldades da minha vida não findaram. Eu não sabia cozinhar à maneira deles, é verdade que a senhora que era muito boa pessoa ia-me ensinando, mas como ela ia trabalhar eu tinha que me desenrascar sozinha.

Quem me ajudou muito nessas minhas aflições foi uma grande amiga que eu arranjei que morava numa vivenda perto de nós. Ela sabia fazer tudo de cozinha, porque a vida dela foi sempre essa, e ela era muito boa pessoa, estava sempre pronta a ajudar.

Então eu lá fui ficando,embora não gostasse muito daquela vida mas era muito melhor que andar a trabalhar no campo, ali ao menos comecei por ganhar 120$00 mensais e quando abalei já ganhava 150$00 o que era bastante bom, e esse dinheiro era todo para mim.

Então já pude comprar vestidos, uns sapatos de camurça e outras coisas entre elas dei-me ao luxo de comprar um anel de ouro por 180$00 e ainda ia pondo algum dinheiro de reserva, sempre pensando no futuro.

Mas não era ainda aquela vida que eu queria, apesar de não ter outra solução; até que um dia o meu destino mudou, duma maneira inesperada e muito curiosa. Aguardem o próximo capítulo e ficarão a saber como tudo aconteceu.

Adeus a todos os Correias

MARIA JÚLIA

   

 

A História da minha vida
– Capítulo II –
Maria Júlia Custódia – Outubro de 2008

   
 


Mais uma oportunidade falhada

Mudança de Residência

No ano de 1942, em que fiz a 4ª classe, o meu pai começou a dizer que se mudava de Colos para outro lugar, e assim quando a minha professora me disse para eu continuar a estudar,eu contei-lhe que não ficávamos a morar em Colos.

Então ela disse para o meu pai ir falar com ela, porque eu ficava na casa dela e ela dava-me aulas para eu fazer o exame de admissão ao liceu (era um exame que se tinha de fazer para continuarmos a estudar) e depois pedia-se uma bolsa de estudo ao Estado, para eu ir frequentar o liceu. Eu dei o recado ao meu pai e ele disse-me:
– Não vais estudar só os ricos é que estudam, os pobres vão trabalhar para ganharem para comer.

(Eis o outro exemplo que eu falei no capítulo anterior, que o meu pai nunca fez nenhum sacrifício para o bem estar dos filhos ).

E assim nesse mesmo ano, no dia 1 de Novembro, deixámos a minha boa casa ao pé de Colos, para ir morar num estreito corredor cheio de pulgas, no monte da Ameijoafa, que era uma herdade, perto de Vale Dágua, freguesia de S. Domingos da Serra . E assim começou para mim um novo período da minha vida, em Fevereiro de 1943 começou a monda (mondar era apanhar as ervas daninhas nas searas de trigo) e eu lá fui mondar, com as minhas irmãs e a minha mãe, mas eu mondava só com um rego e ganhava metade da jorna das mulheres. E foi assim que no dia 16/03/1943, quando completei 12 anos, já comia do que ganhava.

Nesse dia para festejar os meus anos fui mondar, mas para ser um dia diferente, pedi à minha mãe para comprar almece e ela comprou, foi o grande manjar dos meus 12 anos (Quem não souber o que é almece e queira saber vá à Internet elucidar-se) e assim os anos foram passando, nesta vida miserável até que completei 20 anos de idade; e como estava farta de trabalhar e nada ter, resolvi deixar o trabalho do campo e mudar de vida, o que lhes irei contar no próximo capítulo.

Até breve,
Beijocas

MARIA JÚLIA

   

 

A História da minha vida
– Capítulo I –
Maria Júlia Custódia – Setembro de 2008

   
 

Como eu era a mais nova da minha irmandade, tive o privilégio de entrar na escola aos sete anos de idade, e felizmente passei de classe todos os anos, e assim aos dez anos fiz o exame da 3ª classe (nesse tempo fazia-se esse exame) e fiquei aprovada o que me deixou radiante, porque no ano seguinte ia fazer a 4ª classe, o que nesse tempo era tão importante ou mais do que actualmente fazer o 12º ano.
Mas depressa me desiludi, porque o meu pai disse-me que eu já não ia à escola, porque ele não me podia comprar os livros, não tinha dinheiro para isso. Talvez fosse verdade, mas o certo é que ele nunca se sacrificou para o bem dos filhos, no próximo capítulo darei um exemplo mais concreto disso.

Então como conseguiu estudar mais? É o que vocês ficarão a pensar.

Eis a resposta:
A escola reabriu em Outubro, isto no ano de 1941, e eu não fui à escola.
Mas como vocês sabem (pelo menos os mais velhos de vós) nesse tempo o meu irmão estava na tropa, nos Açores (era a 2ª guerra Mundial) e então a minha mãe mandava-me todos os dias ao correio saber se havia carta dele (nesse tempo não havia carteiros) e aconteceu que a empregada dos correios estava de férias nesse mês, e veio substitui-la um senhor muito novo e muito generoso; após alguns dias de eu lá ir, o senhor perguntou-me, de quem é que eu esperava carta? para ir todos os dias ao correio, e se eu não andava na escola? (porque eu ia lá nas horas em que havia aulas) Sendo eu já nesse tempo a tagarela que ainda hoje sou, desbobinei tudo; contei que o meu irmão estava nos Açores e que eu não ia à escola porque o meu pai não me podia comprar os livros, mas que tinha muita pena de não ir à escola, porque eu adorava estudar.

Então o senhor disse-me:
–Vai perguntar à tua professora quanto custam os livros e vem dizer-me.

Eu não pensei mais nada, foi uma corrida até lá.
A professora fez contas e disse-me: Os livros custam 30$00 (hoje como todos sabemos são 15 cêntimos) outra corrida até ao correio e disse a quantia.
O senhor tirou 3 moedas de 10$00 novinhas (ainda hoje parece que as estou a ver ) e entregou-mas e disse:
Faz o exame e escreve-me que ainda hás-de ser telefonista.

Eu peguei no dinheiro e fui contando a todas as pessoas conhecidas que ia para a escola . O meu pai perante este facto consumado, já não me pôde proibir de ir à escola. E foi assim graças à generosidade deste senhor de nome Francisco Marques Serrano, natural do Crato, que eu devo a minha 4ª classe, a qual concluí no dia 22 de Julho de 1942.

Escrevi a carta mas ele não a deveria ter recebido pelo o que soube em 1975, quando fui procurá-lo para saber dele, mas infelizmente ele já tinha falecido. Ainda hoje o venero, porque aquela alma nobre é que modificou o meu destino. Este é o primeiro capítulo, outros se seguirão.

Até breve. Beijinhos a todos vós.

MARIA JÚLIA

   

 

Mais uma pequena História
Rogério Correia – Agosto de 2008

   
 

Corria o Verão Quente de 1991 e os Descobrimentos estavam no seu auge.

O Dr. Oliveira Salazar tinha acabado de comer uma omoleta de salsa queimada, num botequim na Avenida da Liberdade, juntamente com Eça de Queiróz e Dom Sebastião (ambos partilharam um Arroz de Polvo muito saboroso por sinal).

A Casa Real Correia encontrava-se no seu retiro de verão no Parque Real de Ferragudo (que curiosamente é bastião, há alguns anos a esta parte, da Casa Real de Bragança tendo, inclusivamente, o pai do actual Dom, Dom Duarte... hum... Pio quinado nesse mesmo local... o que é que eu estava a falar mesmo?... ah, já sei).

No referido retiro de Verão os pequenos infantes Correias, a saber:

D. Ivo de Correia, 1º conde da Portela da Azóia.
D. Rogério de Correia, 3º Conde de Bairro do Mealheiro.
D. Miguel de Correia-Teixeira, Duque da Rua Circular
e D. Ricardo Puto de Correia-Teixeira, Barão da Esquina da Travessa da Memória.

Todos veraneavam nessa estância e casa-forte dos Correias. Como pueris jovens que eram na altura brincavam sem temores.
Todavia um episódio que ocorreu por volta das 23.37 do dia dezavinte do mês de calor do caraças, precedido do mês de calor razoavelmente quentinho e seguido do mês daquele calor que já foge mas ainda dá para dar uns saltitos à praia caso um gajo queira... esperem aí, pensando bem o sucedido foi mais por volta das 23.12... ou terá sido às 23.37, bom... estava escuro, ponhamos as coisas assim.

Já rapazolas mais desenvolvidos D. Ivo, D. Rogério e D. Miguel acharam por bem fazer uma pequena corrida. D. Ricardo ainda provido de membros inferiores de estrutura reduzida tentava acompanhar a passada mas rapidamente se viu deixado para trás.

Como bem sabem nesta altura o Presidente da República Portugueza, o Dr. António Variações, ainda não havia concluído a electrificação do referido parque de campismo, desculpem, eu disse parque de campismo?... Queria dizer Estância de Veraneio da Casa Real Correia. Como tal durante o periodo nocturno a Estância era, como dizer, escura comó'bréu.

D. Ricardo sendo um jovem sensível de natureza e algo apegado a seu irmão e primos temia, naturalmente, ficar perdido na escuridão – notar-se-ia no futuro uma certa tendência em ficar (ser) perdido, talvez alguma inveja relativa a D. Sebastião, mas enfim... correu o mais que podia para acompanhar os demais.
Estes, correndo um pouco mais à frente, começaram, de forma lesta, a galgar vários metros que cobriam a distância que os separava com um véu de invisibilidade (ah, poeta).
D. Ricardo vendo-se só correu o mais que pôde. Sentindo já a fatiga e a desorientação a assoberbar seus sentidos, procurou seus familiares gritando-lhes que o aguardassem.
Estes aproveitando essa vantagem decidiram pregar-lhe um pequena partida.
Esconderam-se na vegetação adjacente e aguardaram-no para lhe pregar um valente susto, para que este jamais se deixasse ficar para trás.
D. Ricardo aproximando-se do local da «emboscada» desorientado e fatigado foi, repentinamente, surpreendido por três vultos que do escuro saltaram para a estrada gritando: "Buuuuuuuu!"
Vendo a cara de pânico do jovem membro da Casa Real regozijaram no seu logro.
Após alguns segundos contudo a situação contagiou os filibusteiros, pois também eles apresentavam nas respectivas frontes pânico.
D. Ricardo parecia catatónico e incapaz de verbalizar qualquer palavra. Tentando-lhe falar este apenas tartamudeava alguns ditongos como: "hum... hum...". Além do mais, tremia como varas verdes (se bem que eu, pessoalmente, nunca vi varas verdes a tremer, pensando bem, nunca vi varas verdes de todo).

Temendo ter incapacitado permanentemente o futuro herdeiro do Baronado da Esquina da Travessa da Memória, rapidamente o confortaram e encaminharam para a roulotte, perdão, Mansão Real.
Apenas após cerca de uma hora... talvez 60 minutos... não, terá sido uma hora com certeza, o jovem Barão recuperou a capacidade oratória.

Ufa... Em resumo foi espectáculo!

Resumo para os apressados - No parque de campismo de Ferragudo pregámos um cagaço à antiga ao Puto Ricardo, que só não obrou nas calças porque já tinha esvaziado as entranhas previamente, e ficou quase uma hora sem conseguir falar, tal foi o susto.

ROGÉRIO C.

   

 

É tão bom ser pequenino...
José Carlos – 28 de Agosto de 2008

   
 

Mais uma vez estávamos no algarve de férias, na praia.

Um dia, como eu precisava de ir ao banco, aproveitei a hora de mais calor. Como o Ricardo, que tinha na altura para aí uns 5 anos, quis ir comigo, lá fomos os dois a Portimão.

Quando saímos do banco, fomos a uma esplanada beber qualquer coisa, pois fazia muito calor. No entanto, chegam para uma mesa ao lado da nossa três rapazes bastante mal amanhados, sendo um deles preto, com os cabelos ao estilo Bob Marley e roupas a precisarem de reforma.
O Ricardo, que sempre teve um vozeirão, não perdeu tempo, esticou o dedo em direcção ao fulano e disse bem alto:
– Eeeeh, mas que homem tão feeeeeeio!

Pois é, vocês riem-se, mas nem imaginam como eu fiquei. Por um lado tinha uma vontade de rir que não podia, por outro, estava encavacado sem saber o que fazer, ainda mais com o pessoal nas outras mesas a rir a bandeiras despregadas.
Bem, lá segurei a mão dele e baixinho tentei explicar-lhe que nem sempre podemos dizer o que queremos, que devemos ter algum cuidado, que não se aponta que é feio, etc, etc, etc...

JOSÉ CARLOS


   

 

Soneto a Tonica
Rogério Correia – 25 de Agosto de 2008

   
 

Pai Nosso...

Embriagado a conduzir, não devias.
Estacionar, é sempre no sítio certo,
Sais do veículo a rastejar, (sem concerto)
Nem subir as escadas conseguias.

Obrastes na vestimenta...
No comboio cavalgavas.
Uí, cheiro repelente (que) ostenta
Apenas perto das toilettes paravas.

Venceslau Tiago


   

 

Ode à Cecília
Rogério Correia – 18 de Agosto de 2008

   
 

Minha Avó Querida!

Nossos nomes jamais acertavas,
Com o cabo da vassoura acabavam as intrigas.
Suporte de glândulas mamárias avantajadas,
Quando te vi sem dentes até me deu dores de barriga.
Largas farpas, dá-las,
Ninguém te supera as migas.

Venceslau Tiago, Poeta... Filósofo... néscio.


   

 

Mais uma História com H
Rogério Correia – 18 de Agosto de 2008

   
 

...e vou eu e digo para o Puto: "Então mas essa gaja semi-nua é o Bazanza!"

Aí a juventude! Já não se fazem como antigamente.

Bom, falando de coisas sérias.

Gostava aqui em directo e em português a cores lançar um repto a todos os jovens machos mas, principalmente às fêmeas, da Casa Real Correia!
A saber, desafio todos vós, em memória da verdadeira instituição, pilar, alicerce e outras construções razoavelmente solidazinhas, da Casa Real Correia, a deixar «farfalhar» vossos buços.
Que diriam os incautos transeundes, vislumbrando tão vigorosos e frondosos pilosidades faciais a despontar maturidade e sabedoria, na face dos mais (e menos) imberbes Correias, aquando do próximo Almoço, pergunto eu?

Agora que os Velhos de Bicos (que nós não misturamos com os Velhos do Restelo) estão progressivamente a abandonar a cultura da Lanugem (tanto os homens como as mulheres) está na hora dos Vencidos da Vida (vão ao Google... como dizia um amigo meu: - "É côltura ó sua besta!") desfraldarem as suas penugens supra-labiais.

Em suma, vamos pôr os jovens Correias e os amancebados a deixar crescer uma bela de uma farfalheira para o próximo Almoço de Família.
Especialmente as moças!
Vamos mostrar a essa malta velha que mantemos os valores Correia intactos.

...

E então como te estava a dizer, estava eu, o Puto e o Bazanza, semi-nú, e foi aí que vem uma brasileira...

Rogério C.


   

 

CASA REAL CORREIA
Rogério Correia – 12 de Agosto de 2008

   
 

Bom dia.

Estava eu no outro dia a conversar com a Sra. que me vem cá mudar a fralda todos os dias... bem, de dois em dois dias... na verdade, uma vez por semana, porque o orçamento está curto, e vai ela e pergunta:
– Então o menino não têm nenhum familiar que lhe fizesse este jeitinho? Deve ser cá uma pérola (em surdina)!

E vou eu, que não sou de me ficar para trás nem de levar desaforos para casa, se bem que neste caso até já estava em casa mas adiante:
– Sabe a minha Família é da Realeza! Não se mete em negócios suj... escatológicos!
– Nem eu – diz ela – que a minha artrite não deixa!
Pensei em corrigi-la mas achei que intentar tal desiderato seria futilidade nefasta e deveras fatigante (pumba no portuguêz arcaico com z's e tudo).

Mas depois fiquei a matutar naquilo.

REALMENTE, O QUE NOS FALTA PARA SERMOS REAIS?

1º- Somos do Alentejo... não apanharam?... ok, eu explico, a «suposta» Casa Real Portuguesa é de Vila Viçosa (apesar de se chamarem Casa Real de Bragança... otários), por associação de ideias é natural, previsível, quiçá provável, seguramente certo que uma das Correias fêmeas dos antigamentes (certamente ainda bem boa) possa ter gerado aí algum ilegítimo da Realeza (ainda agora olha para o meu braço e ninguém me convence que aquilo que corre por ali não é sangue azul).

- Transmitimos o nosso título nobiliárquico pelos varões (nos quais orgulhosamente me incluo... se bem que é único clube de machos onde me deixaram filiar... nunca mais me esqueço daquela vez que me recusaram a filiação no Clube Associativo Numismático e Filatélico de Figueiró dos Vinhos por não ser macho suficiente... ah, a vergonha!)

- E para concluir somos... hã... como dizer... uns bêbados de primeira apanha e gostamos é de farra e forrobodo... bodobodo! Que não nos ficamos só pelo forro, nem muito menos pelo forrobodo. Para esta gente tem que ser forrobodobodobodo! E a seguir ainda forramos mais um bocado antes de dormir que até estala.

Apresentado este caso à Sra. em causa (ainda se lembra dela... sim, a mulher de buço proeminente e mais pêlos nos braços que eu tenho... nas... zonas do baixo ventre... exactamente a zona que ela me estava a higienizar com aquele creme munto jeitoso para o rabito assado... divaga Tónica, vê-se logo que é filho do pai... voltando ao assunto) ela me diz:
– Pois que é bem visto... mas e então quantos dos sobrinhos casaram com as tias, madrastas com os afilhados, primas com primos e assim?
– É pá – digo eu – ... com essa é que me lixaste Arnaldo!

Postscriptum – Bem sei que esta é uma mensagem grande como o demo e, provavelmente, igualmente feia mas achei que faltava um pouco da minha estupidez neste espaço. Que era dos poucos que ainda estava a salvo da referida cretinice e imbecilidade.

Postscriptum 2Talvez se me arranjarem um quartozito nos fundos do site eu possa lá marinar esta insanidade...se bem que, como já fiz referência noutro local, 3 em cada 5 vozes na minha cabeça dizem que eu não sou louco portanto...

Rogério Carlos Fernando Luís Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gota Correia (Correia carago! Ora toma!)

   

 

A HISTÓRIA DO MENINO ESQUECIDO
José Carlos – 31 de Julho de 2008

   
 

Alguns de vocês já ouviram esta história, e terão também visto uma alusão à situação no Jornal que anunciava o Almoço deste ano. Mas como nem todos a conhecem, cá vai.

Certa vez, estávamos de férias em Ferragudo, no Algarve, Eu (Zé Carlos), a Teresa, o Miguel e o Ricardo. Num dia resolvemos ir comer uns franginhos assados à Tia Idalina (é assim que nós a tratamos), nas Caldas de Monchique. Como era costume, juntámos um grande grupo, ia o Tonica mais o Cunhado e muito mais malta, marcámos uma mesa aí para 20 e tal, e lá fomos. Os miúdos não quiseram ir para o restaurante no nosso carro e espalharam-se pelos outros carros.

Jantámos e viémos serra abaixo. Quando chegámos a Ferragudo, o Miguel foi pedir umas moedinhas para ir ao bar do Parque de Campismo beber uns refrigerantes.
– Toma, leva também para o teu irmão – Disse-lhe a Teresa
– Qual irmão – diz o Miguel – onde é que ele está?
Foi então que a Teresa levou as mãos à cabeça:
– Ai, que ele foi à casa de banho lá em Monchique e nunca mais me lembrei dele.

Lá fui 30 quilómetros pela serra acima buscar o Ricardo. Soubémos então o resto da história.
Quando ele saiu da casa de banho e viu que o pessoal já tinha abalado, Desceu até a curva seguinte pensando que estávamos a brincar com ele, mas rapidamente chegou à conclusão que já íamos longe. Assim, voltou ao restaurante com uma lágrima no olho (só tinha 10 anos), onde foi recebido pela tia Idalina que o acalmou com um geladinho e uns miminhos. Ele pediu logo para telefonarem para a recepção do Parque de Campismo e dizerem:
– Se chegar aí um carro preto, não o deixem entrar, pois esqueceram-se do filho em Monchique!

Ainda hoje quando telefonamos para a Tia Idalina a marcar uma mesa, torna-se mais fácil a identificação se dissermos que é aquele pessoal de Lisboa, os pais do Ricardo, o menino esquecido...

JOSÉ CARLOS